terça-feira, 12 de março de 2013

Deu nada.


Mas ela era tão nova.
Que dó da família, que Deus conforte seus corações.
E ela era uma menina tão sorridente, tão boa...
Dizem que foi por causa de um moço.
Que judiação!
Encontraram droga no apartamento dela.
A gente nunca sabe o que passa na cabeça dos outros, né?
Ela era minha amiga, é uma pena que tenha feito isso.
Como eu não reparei, meu Deus?
Foi culpa minha, eu falhei!
Todos os dias eu choro, sinto muito a falta dela.
Eu não entendo essas coisas, como alguém pode fazer isso?
Pra mim é sinal de fraqueza isso.
Nunca vou perdoá-la por isso.
Falaram que ela já planejava isso faz tempo.
Véi, verdade isso? Que merda, meu!
Mas por que será, não?
Como assim? Não acredito! Se matou de que jeito?
Acho que tem influência de outras pessoas isso, o fulano disse que ela falou que tava triste, que convivia com gente que tinha problema psicológico, sabe?
Eu vou sentir falta dela.
Nossa, que bad isso.
Eu percebi que ela tava triste faz tempo, até comentei!
Nossa!  Como as pessoas são doidas, né?
Dizem que ela foi pro trabalho e tava normal, sorrindo e tudo mais.
Affe, por causa de homem isso?
Quem?
Você viu que a fulana morreu?
Como é o nome daquela menina lá que morreu mês passado mesmo?
E que fim levou a fulana?
Ow, é verdade que a fulana morreu ano passado? Nem fiquei sabendo.
...
Merda de chuveiro! Não decide se fica frio ou quente. Deixa eu mexer nessa porra aqui em cima pra regular. Essa água tá muito gelada, vou pôr no “inverno”, será que dá B.O. regular com ele ligado? Ah, dá nada.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Todo dia você morre um pouco.
Morre de fome. Morre de raiva. Morre de saudade. Morre de amor. Morre de trabalhar. 
Morrer é fácil, difícil é matar.
Para matar (uma vontade, saudade, uma dor) precisa muito. Para morrer (de vontade, de saudade, de amor), nem tanto.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Kiki


Nunca jogue seus segredos aos ventos. E nem os seus amores.

Ontem comecei um livro, Kiki de Montparnasse. Um graphic novel que conta a história de Alice, a Kiki, musa de inúmeros artistas e mulher de espírito transcendental. Kiki transcende sua época e até mesmo a nossa, uma vez que o seu estilo de vida vai contra os preceitos morais da sociedade. Mas Kiki não é imoral, Kiki é livre.

Essa liberdade é característica desde o momento de seu nascimento - Kiki não tem filiação, tem uma mãe que lhe abandonou e um pai com o qual não possui contato. Kiki é uma mulher una e pertence a si só.

Lendo até as últimas páginas, vi a liberdade e encontrei meu pudor. Também encontrei compaixão. A francesa que escandalizou os anos 20, comoveu a mim, ao mesmo tempo em que me fez pensar no papel que certas coisas tem em nossa vida. A personagem, extremamente carente, sempre questiona a todos sobre o amor que sentem, se é que sentem. Muitas vezes vista como uma oportunidade de sexo fácil - e era -, Kiki sentia-se só. Mesmo estando na presença de diversos homens e mulheres, ela nunca esteve na companhia de alguém. Talvez seu erro tenha sido sua intensidade, impulsividade e amar demais, obviamente.

A confusão de amor com sexo, amor com amizade, sexo com amizade é mais comum do que se pensa. A partir do momento em que rola a química, já começa o problema. Sexo serve para confundir, amor para complicar. Kiki era liberta das rédeas da sociedade quanto a tudo: drogas, sexo, homossexualidade, seu corpo, tudo. Só que sentimentos não são livres, sentimentos dependem é de muitas outras coisas, inclusive pessoas. A amar alguém... existe descrição fiel de como é amar alguém? Amar pode ser ceder àquilo que você mais condena, por exemplo. Amar pode ser aceitar ou negar os fatos. Ir embora ou ficar.

O mais cruel de quando se ama é que você sempre está só. O amor pode ser fervoroso, fulminante, intenso, recíproco, mas ao final das contas só resta você catando suas roupas, restos e as mentiras pelo chão.

Amar é deixar livre. Amar é ir embora. Amar é aceitar as mudanças.
Pessoas engordam, envelhecem, perdem o encanto, a vivacidade. As roupas deixam de servir, os restos passam a não existir e só ficam as mentiras pelo chão.


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O mal necessário. Será que existe algum mal que seja de fato necessário?
Eu necessito é de coisas boas, não necessito de coisas ruins. Talvez até necessite, mas não quero!
Mas é, existem ao menos algumas atitudes não tão boas que são necessárias. Para manter a ordem, a paz, o conforto, o amor, por vezes precisamos fazer aquilo que tanto incomoda ou que sabemos que prejudica para saciar alguma coisa dentro de nós.